sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Violeta


Violeta

És flor  
de nascer  
recatado,  
beleza  
multicor,  
perfume  
suave,  
alvitre  
da saudade,
insígnia  
da humildade,
espelho  
e anseio de paz...

Sou flor  
de viver  
ruidoso,  
sem cor,
bruta,  
insensível,  
vaidosa,
ansiosa,  
e, a rugir perdão  
e socorro
ao mundo,  
replanto-me,  
ao teu lado...

Violeta,  
quem sabe,  
talvez,  
através dessa terra,  
refaço-me em ti?

Flor da Madrugada
Cabo Frio, 28 de novembro de 2009 – 23h47

Noite de inspiração gay



Noite de inspiração gay

Noite – se és fêmea, não sei... só sei que o sou!
Vejo-te macho, macho em alvoroço
e me entrego ao teu céu... um negro céu...

Noite – se és macho, não sei... neste momento o sou!
Vejo-te fêmea, fêmea no cio
e bolino tuas estrelas... num brilho firme...

Noite – se és dúbia, não sei... neste momento o sou!
Penetro nas incertezas, encontro e quero...
e, macho ou fêmea, poetizo-te toda... num estro gay!

Flor da Madrugada
Aos poetas da Noite...
Cabo Frio, 12 de setembro de 2009 – 14h35

Réplica agressiva


Réplica agressiva

Não te iludas.  
Sei quem fui,  
o que sou,  
o que te dou,  
o que não te dou,  
o que desejo de ti.

Não me iludas.  
Sei quem foste  
quem és,  
o que me dás,  
o que não me dás,  
o que desejas de mim.

Assim  
Uso-te  
Ouso-te  
Abuso-te  
Recuso-te  
Fiz-te muso  
Sei-te difuso  
Olho-te efuso  
Bebo-te infuso  
Leio-te profuso  
Deixo-te recluso  
Entendo-te druso  
Adubo-te contuso  
Descrevo-te obtuso  
Desnudo-te confuso  
Descortino-te intruso  
Apreendo-te concluso  
Descubro-te inconcluso

Não me iludas,  
que eu não te iludo.  
Necessitas de mim,  
pois sou teu início, meio e fim.  
Não preciso de ti,  
não estreei em ti,  
não me ampliei em ti,  
e, muito menos, és meu fim.  
Não me iludas,  
que eu não te iludo.  
E, fim.

Flor da Madrugada
Cabo Frio, 7 de outubro de 2009 – 19h10

Incauta fera


Incauta fera

Armada de sanha e diabólica seiva,
irrompe com ânimo plebeu  
em escura e devoradora boca,  
num bruto berro de bestial blasfêmia.

Cega e impetuosa,  
veemente e implacável,  
indomável e desumana,  
crua e brava,  
inexorável e indecente.

Flor da Madrugada
Cabo Frio, 10 de setembro de 2009 – 00h29

Escolho morar onde mora o pecado


Escolho morar onde mora o pecado

Reservada a mim, minha graça encanta,  
mas, a força do meu sonho espanta...  
Nada anseio fazer, nem ambiciono mudar,  
pois minha essência é honrada e santa.

Se te ofendes, ao me ver passar,  
sem te preocupares com o meu pensar,  
mudo-me de lugar... sou leve...  
posso voar mais alto...  
e nas grandes altitudes,  
(re)encontro outro lugar...

Meio homem ou mulher,  
meio animal ou flor, meio sol ou chuva,  
meio deserto ou mar...  
- sou tudo - ultrapasso os raios de sol,  
aninho-me no infinito da Poesia...

Aquilata teus sarcasmos inúteis,  
ou te prostarão ao fedor da inveja fria.  
E, se – desnuda - não me queres ver,  
jamais deves mirar o céu c’os olhos nus,
 por onde noite e dia e madrugada adentro,  
coloco-me a plantar nudez ao vento...

Ditosa, moro aqui, neste lugar intenso,  
somente aos deuses e poetas reservado...  
Neste Eden pecado, onde a nudez é pura
- no qual ninguém se afronta ou chacoteia -  
posso dançar, tão livre, ao canto dos meus versos
- sem medo – posso estar - entre poetas nus!

Flor da Madrugada
Cabo Frio, 10 de outubro de 2009 – 19h50

Adeus!


Ah! Rosa branca insana
que dos teus lábios luz
provocas tanto mal,
não quero ver-te mais!

Se meu amor profana
o túmulo sem cruz
do velho ardor real,
não vences meu jamais!

Flor da Madrugada
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2013 - 12h32

Lesbiana


Lesbiana


Foco do destino entrecortado,
Sobe pela rampa enluarada,
Sonhos, risos, peso e contrapeso,
Gozo sem pudor, tez enrugada...


Vales de vulcões, de tino em tino,
Brasas, texto em luz, de flor em flor,
Plácida textura, arritmia,
Vela alma em riste, tem amor...


Nesse corpo vão que a terra expele,
Sonho de profeta em ti suplanta,
Mártir do prazer, um sonho em sonho,
Réstia do Universo que decanta...

Flor da Madrugada
Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2013 – 11h31

Menino...




Menino...

Não sou ativista -
Luto pelo meu espaço
E faço e refaço.

Aproveito a diferença -
Sou pistilo
Em diferente estilo.

Novas relações construo -
Incluo-me no Mundo
Pois sou dele oriundo.

Flor da Madrugada
Rio de Janeiro, 19 dezembro de 2013 – 13h29

Desigualdade


Mulher acavalada pelo tempo
rimo palavras ao vento
e soluço a discriminação
dos atos que perpetuo
nas linhas da igualdade.

Flor da Madrugada
Rio de Janeiro, 5 de novembro de 2013 - 12:40

Alçarei esse voo!


Alçarei esse voo!

Hei de vencer os preconceitos todos
E colocar-me acima do infinito!
Lei terna e eterna serei,
Inda que os demônios todos me provoquem!



Flor da Madrugada
Cabo Frio, 20 de dezembro de 2009

Destino


Destino

Liberto-me desta roupa
Que me encouraça os seios
E aprisiono meu olhar
Nessa estrada sem fim
Que me liberta a mente!


Flor da Madrugada.
Rio de Janeiro, 23 de agosto de 2010.

De quem sou?


Entre um espaço e outro
da minha inspiração,
trafegas no meu inferno.

Entre um espaço e outro
da noite que me ilumina,
defloro-me ao dia.

Entre um espaço e outro, choro.

Sou tua, mas tu és quantos... ou quantas?



Flor da Madrugada

7/10/2009

Dúvida

Dúvida

Esta dor aflita
Que escorre
Pelas minhas pernas
E alcança teu púbis
Igual ao meu,
Atende sob o nome de amor
Ou é simples perdição?



Flor da Madrugada.
13 de dezembro de 2009.

Poema homoerótico

Olho teus olhos
Beijo tua boca
Vejo-me nos teus olhos
Lambo-me na tua boca
Sinto teu sexo
Sinto-me no teu sexo.
Seduzida
Seduzo-te!
Nasci em ti...
Nasceste em mim...
Prá ti.
Prá mim.
Homo
Eróticas.



Flor da Madrugada.
São Paulo, 25 de janeiro de 2009.

Temo e não temo!

Não temo a força do teu olhar,
nem a gostosura da tua boca,
nem o furor do teu sexo!

Mas, temo a igualdade dos nossos desejos!

São Paulo, 22 de janeiro, de 2010.
Flor da Madrugada