sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Réplica agressiva


Réplica agressiva

Não te iludas.  
Sei quem fui,  
o que sou,  
o que te dou,  
o que não te dou,  
o que desejo de ti.

Não me iludas.  
Sei quem foste  
quem és,  
o que me dás,  
o que não me dás,  
o que desejas de mim.

Assim  
Uso-te  
Ouso-te  
Abuso-te  
Recuso-te  
Fiz-te muso  
Sei-te difuso  
Olho-te efuso  
Bebo-te infuso  
Leio-te profuso  
Deixo-te recluso  
Entendo-te druso  
Adubo-te contuso  
Descrevo-te obtuso  
Desnudo-te confuso  
Descortino-te intruso  
Apreendo-te concluso  
Descubro-te inconcluso

Não me iludas,  
que eu não te iludo.  
Necessitas de mim,  
pois sou teu início, meio e fim.  
Não preciso de ti,  
não estreei em ti,  
não me ampliei em ti,  
e, muito menos, és meu fim.  
Não me iludas,  
que eu não te iludo.  
E, fim.

Flor da Madrugada
Cabo Frio, 7 de outubro de 2009 – 19h10

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